Estudo revela que os eles estimulam as crianças a defender ideais,
proteger os mais fracos e combater o inaceitável. Entenda como esses
personagens podem influenciar a formação da personalidade do seu filho
Super-Homem,
Homem-Aranha, Batman. Branca de Neve, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho.
Os super-heróis dos desenhos e histórias em quadrinhos e os heróis e
heroínas dos contos de fadas são muito presentes na vida das crianças,
assim como foram na sua infância. Mas, afinal, qual é o poder desses
heróis na vida dos pequenos? Um estudo realizado pela fábrica de
brinquedos Mattel do
Brasil,
em parceria com o Instituto GFK Indicator, revela que eles não só
influenciam o dia a dia das crianças como são essenciais para a formação
da
personalidade do seu filho.
Segundo Lidia Aratangy, psicóloga e consultora da pesquisa, é
nessa relação da criança com os super-heróis que são plantadas as
sementes de valores, como ética, coragem, humildade. “Nos contos de
fadas, os heróis são os mais humildes e bondosos da família ou da
aldeia. São os que aceitam enfrentar a perigosa tarefa que irá salvar o
reino, o rei, o pai”, diz.
Para chegar a essa
conclusão, os pesquisadores observaram um grupo de meninos de 6 a 10
anos, estimulado a construir uma
história
de encontro com seu super-homem, com etapas que vão até o momento em
que o garoto se transforma em herói. No enredo inventado, não aparece
somente o poderoso, mas aquele que tem seus momentos de fraqueza e
medos. “Essas fragilidades abrem a brecha para o processo de identificação
[da criança com o personagem].
Na maioria das histórias, é o garoto que tira o herói da dificuldade,
para então se tornar seu aprendiz”, afirma a especialista.
E os vilões, que seriam o lado do mal da história, valorizam
ainda mais a razão de ser do herói. Eles são importantes para que a
criança saiba que o mal também existe. “Porém, ao final de uma história,
quando os
heróis
são agraciados ou recompensados, é uma demonstração de que o bem pode
triunfar”, diz. E a pesquisa foi além: as crianças que participaram do
estudo demonstraram compreender que as características dos vilões são
inerentes a qualquer pessoa. Segundo Lidia, as crianças reconhecem seu
lado invejoso, ciumento, vaidoso e a capacidade destrutiva de cada um.
Ou seja, por meio das histórias, são capazes de entender que somos todos
contraditórios.
Se você tem receio de como as
lutas entre o bem e o mal que habitam as histórias podem incentivar a
violência, saiba que elas são benéficas ao ensinar que até mesmo num
conflito
é possível ser ético. “O incentivo à violência vem de uma cultura
violenta, e de pais que perdem o controle e podem ficar violentos”,
afirma Lidia.
O papel dos pais no imaginário infantil
Não se assuste se um dia o seu filho resolver que só vai atender a um
chamado seu se você se referir a ele como Batman. “Essa fuga
[da realidade], esse exercício da
fantasia,
é inevitável, faz parte do desenvolvimento humano – e pode ser
benéfica. É uma forma de ele se aproximar do ídolo, no processo de
identificação”, afirma Lidia.
A presença dos
pais, no entanto, é fundamental no mundo imaginário da criança.
“Qualquer personagem, real ou imaginário, pode ser positivo ou negativo,
dependendo da leitura que se faz. Por isso, é importante a presença dos
pais (ou avós) junto da criança, ajudando-a a fazer uma interpretação
correta do que vê”, afirma a especialista.
No estudo também foi analisada a visão dos pais sobre o imaginário da criança, e o resultado revelou como as
brincadeiras com bonecos representando heróis no contexto da família aproximam filhos e pais, além de ser instrumentos de educação.
E você, também gosta de super-heróis? Há uma explicação para que
as salas de cinema de filmes com esses personagens estejam sempre
lotadas de adultos. “Continuamos a precisar de heróis pela vida afora.
Precisamos que nos reassegurem que existe a possibilidade de vencer o
mal. E que ele pode ser combatido eticamente”, diz Lidia.